Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2006-08-31

PAULINO VIEIRA

Morabeza é passar o Pórton de nos Ilha e pensar que "eu cria ser um poeta, pam fazé um mar de poesia, pam compara esse bô beleza ku, natureza, parcém nem mar nem lua cheia, nem sol brilhante nem noite, serena, sta compara ku formuzura di bô, corpo ". Uma doçura ouvir este poema de Paulino Vieira na voz de Tito Paris e dizermos como é bela a música do mundo. Paixão transformada em amor. Amor pela terra, pelos homens, pelos filhos. Um amor doce, um sonho do coração. Uma amizade que não se apaga. Morabeza, somos todos nós.

2006-08-14

TITO PARIS

Foto: Nélson Castro (Nelsinho)

Há momentos mágicos que, dizem, só vivemos uma vez. Não me parece que a sabedoria popular tenha razão. Tive o previlégio de conhecer Tito Paris numa das minhas visitas a Cabo Verde. Um dia na Ilha do Sal, noite de lua cheia, as estrelas passando de mansinho e o mar cantando canções de embalar, fomos beber mais umas loiras e no botequim tocava e cantava uma divindade que tinha nome de poeta. Na sua voz rouca, simples e encantadora, Tito Paris dedilhava as cordas de uma viola cantando uma morna de Paulino Vieira. Foi um momento mágico, acabando numa amizade, que se perdeu no vasto oceano que nos separou. Havia de lhe comprar umas cordas para o seu violão quando regressei a Portugal. Nunca soube se as recebeu.
Esse momento mágico repetiu-se quando, uns amigos que me enchem de felicidade, me convidaram a jantar na Casa da Morna em Lisboa com o objectivo de conhecer pessoas de grande personalidade e cultura e que, virtualmente, ao longo dos tempos fomos granjeando uma enorme amizade. Nelsinho e Nina são amigos que nunca havemos de esquecer. E neste encontro mais um momento mágico acontece. Oiço umas notas tocadas ao piano, uma voz rouca, um poema, uma morna e Tito Paris. Ali só para os amigos. Não tive coragem de lhe recordar os momentos vividos na Ilha do Sal. Às vezes sou assim. Talvez haja ainda tempo para outros momentos. Aqui em Lisboa, lá em Cabo Verde ou talvez em Niterói com o violão de Martinho da Vila por companhia. Um abraço do tamanho do mundo aos amigos, e deixo-vos com o poema/morna de Paulino Vieira, que cantado pelo Tito Paris é sinfonia para sempre ser escutada.


UM CRIA SER POETA

Se na Mundo tem
morna e morna dedicote
tonte morna ke bô ta merece
se beleza ta trazebo inspiração.

Esse bô beleza
ke mais k'um belo horizonte
enfeitod k'um bom pôr do sol
ou um arco íris
muito bem estakote.

A mi ja'm cria ser poeta
pam fazê um mar de poesia
pam compara esse bô beleza ku
natureza
parcém nem mar nem lua cheia
ném sol brilhante nem noite
serena
sta compara ku formuzua di bô
corpo.

Pombinha mansa
di odjos meigos sem maldade
Bô corpo formoso mas sem vaidade
tarmá kes bô sorrise inocente.

Sorriso doce ki ta desperta
alguém ambição
mesmo ke for debôche de tud
humilhação
cré conquista bô coração.

2006-08-10

ESTRELA-DO-MAR

Gosto quando o barco do meu desejo navega no mar do teu amor. Como eu te quero. És a mais linda estrela-do-mar que brilha na noite escura escondendo a minha praia. A praia do longe, muito longe, onde eu brincava com o sal do mar dos teus cabelos. Como eu gostava de sentir o calor dos teus beijos, esse calor que eu queria que só me anunciasse o teu amor e não a tempestade da desilusão. Amo-te tanto. Sinto que a noite me traz mistérios e adormeço a pensar em ti, a sonhar em ti e acordo com saudades de ti. Acordo e tenho saudades do teu olhar porque sei que é por ele que eu vivo, é por ele que eu morro e é por ele que eu sofro. Sou feliz contigo e, por isso, eu amo-te e fico a olhar-te toda a noite. Essa noite onde as estrelas dormem comigo a olhar-te também e à espera de todo o luar. Espero que a noite amanheça. Acordo e vejo o mar, esse mar de amor por ti. De manhã sopra o vento, esse vento que sussurra e me diz que alguém me ama. E eu respondo, na noite deserta, que também te amo. Espero que a minha estrela-do-mar guarde o nosso segredo de amor e na hora do silêncio inunde esse mar azul com as lágrimas choradas pelos meus olhos. Nunca saberei se os braços da minha estrela-do-mar não serão curtos para encurtarem a distância que me separa de ti e poder-te enlaçar. Amor vem ter comigo.

2006-08-07

AMO-TE EM MIM

Foto "roubada" no blog Kastidade

Tenho o sabor dos teus beijos no meu corpo. Quero ser livre e viver a minha vida com quem eu quero. Encosta o teu corpo aqui ao meu rosto para eu sentir o tic tac das ondas do teu coração. Não chores mais porque as tuas lágrimas sabem ao sal do meu mar que tanto me seduz. E tu, meu amor, sabes que cada sonho meu é uma viagem pelo teu corpo. Tens o meu amor ardente e basta para seres feliz, dizes-me sussurrando como o vento que empurra o barco do meu desejo de ser só teu. Sejam quais forem as dúvidas, a resposta está sempre no meu coração. Amo-te tanto. Anseio pelas noites tropicais e espero que o silêncio me envolva como o faz quando os dias são iguais. Por vezes estou sem ideias, mas meu amor, como diz a canção, sei-te de cor. Cresces em mim, descansas em mim, estás em mim, tenho-te no peito. Tantas vezes que as águas dos meus beijos acendem a esperança de quem está sempre dentro de mim. Á beira-mar. No mar que corre em torrentes para lá do meu querer apressado de chegar ao teu porto de abrigo. Para te amar na minha terra húmida e quente onde as ondas cantam na praia dos meus afectos. Quando me sento na minha praia sinto a brisa beijar o meu rosto como quando me beijas, perdidamente, nas noites distantes do futuro sem receios. Não te esquecerei nem um dia. E assim eu te quero. De mãos dadas a olharmos o caminho da felicidade.