O CÁLICE DO AMOR
Bebo o meu tinto aveludado, lacrimejante, anunciando os olhares animados e lânguidos trocados com a mulher amada. Quinta do Grifo. Concretamente. O olhar feminino de quem me ama é a própria face luminosa dos prazeres de quem se dá. O eterno feminino. A mulher que canta os seus amores, legitimando a sua dádiva, trocando olhares eróticos, reabilitando o seu ser carnal.
Navego nos teus cabelos, quebrando as ondas eróticas, libertas, ardentes, nostálgicas, que me conduzem ao esplendor do teu corpo. Sinto o grande prazer pelo amor que me mata, pinto as tuas coxas com as aguarelas do desejo, encanto-me com a música húmida e quente que me sussurras no mar da paixão. Humedeço os meus lábios com o vinho cálido, macio, beijando o sumo do fruto abundante neste nordeste de caldos segredos. Semeio a ternura no cálice por ti aberto, sulcando os prazeres do amor que sinto por ti. Meu amor, sinto a vida a florir, sinto as velas do meus sonhos que gemem ao sopro do vento apagar o fogo que me invade a insaciável esfinge da sensualidade.
<< Home