CALIENTE
Apetece-me estar sentado a olhar a ligeireza com que a Primavera se despede. Calorenta, prefiro o termo caliente, mas não me deixam utilizá-lo, solarenga, devassa, estabelece uma relação de inveja porque, talvez, as outras cobiçam o sorriso dela. Aqui, na esplanada, revejo os amigos, bebo com eles o meu chopinho, também gosto desta palavra, fresco e sedutor. Recebo cultura, prende-me à vida aquele perfume do zulmarinho, olho com melancolia o pôr do sol na linha recta que afinal é curva, preciso deste lenitivo. E muitas vezes me apetece dizer das loiras que me deliciam e afagam a sede, "que tesão de cerveja".
E recordo, continuando a viagem pelos meus caminhos, com os meus companheiros de jornada e das cumplicidades, um pensamento de Al-Ghazgali. "Vive como quiseres, és mortal. Ama o que quiseres, um dia terás que abandoná-lo. Faz o que quiseres, receberás o equivalente daquilo que terás feito ".
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