DRUMI SONO TAM TORMENTADO
Estou a fugir ao luar. Tento perder-me num momento sem nada perguntar nem nada querer saber. Oiço o meu mar, mar de prata, mar dos meus dias em que a alegria me traz anuviado o sentimento. Subo a claridade da luz lunar e não me esqueço. Consigo olhar as doces horas dos murmúrios que a brisa agita, fazendo-me remontar aos dias eternas serenatas. O mar canta, talvez ao longe soluce, rolando as ondas nas praias saudosas de harmonias.
Jaílza é a inefável canção, vibrante, que se espraia em ondas de musicais harpejos. Morna brotada do azul do mar traduzindo a alegria de estar perto. Vejo o sol descambar na curva de Top d'Coroa, mergulhar nas vagas do horizonte, escondendo-se além, anunciando um drumi sono tam tormentado. O teu cavaquinho embala-me como as ondas da tua melancolia, eco da tua alma, que me convida à nostalgia das terras mais ao longe. Penso e vivo esperando o desembarque no mar da esperança na carta de longe que talvez não chegue mais.
Blimundo é o canto no corpo das raparigas crioulas, nas coxas ágeis dos seus amores, no desejo da viagem que me queima a paixão. É o convite que Rufino Almeida, o Bau, nostálgico e intimista, me faz na ilha de Santiago, no rancho Relax. Com uma sensibilidade instintiva, virtuoso dos sonhos, Bau ensina-me a sofrer com mais calma e rir com mais graça. O mar esse empurra-me para o desespero de querer partir e ter que ficar.
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