Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2005-05-22

CIDADE VERMELHA

O teu olhar é tão azul como o mar dos sonhos de todos os dias. O teu coração transporta um sangue de uma cor azul como o zulmarinho que banha a nossa esplanada e onde a poesia escorrega pelas goelas como as geladérrimas que bebemos com os amigos. Mas hoje mermão deixa-me ser vermelho. Por dentro e por fora. Sabes, tento procurar o cruzeiro do sul para ver como o meu povo está feliz. Como bem fica toda a cidade vestida de vermelho. No cruzeiro, o do sul, vejo o Perestrelo a gritar golo. E sabes quem marcou? O Miki Féher. E sem saber porquê o JJ e o rapaz do brinco batem palmas. E até o nosso querido Ildo canta uma canção de esperança por um novo dia que chegou. Em crioulo. E o esforço que faço para dizer que é disto que o meu povo gosta. Ávilo, estou tão feliz porque um angolano chegou ao fim da estrada dos sacríficios. Como a nossa eterna namorada, Angola. Que também tem namoro com ele. Foi bonito ver a bandeira colada ao corpo do nosso Pedro Mantorras, na noite da festa, para sentirmos que afinal vale a pena todos os sacríficios. Por isso, coloca uma kizomba no aparelho e vamos farrar toda a noite. Sou eu que mando vir hoje as nossas loiras. Frescas ou mesmo geladas. E elas sabem como nós temos Angola no coração. Apesar do azul do mar e o vermelho do sangue, vamos continuar assim unidos nesse desejo de sonharmos.