Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2005-04-19

HÁTOR, DEUSA DO AMOR

Entro no Le Caprice e verifico quão majestoso é o rio que se estende para lá da linha quase recta do horizonte. Capricho meu tentar descobrir a faixa verde verdejante de terra cultivada que vem da fronteira do Sudão até ao delta. E vou contra a corrente. Sempre tentando remar contra os desígnios de quem me tenta convencer que os fellabeen egípcios serão os agricultores mais felizes do continente. Mais tarde descobrirei, nas ilustrações dos túmulos faraónicos dispersos pelo vale, a vida difícil que levavam e levam os agricultores e pescadores deste paraíso de água. Maa al salama o salam Cairo. Adeus e até sempre.
Ergo o meu copo de tinto Omar Khaggam de 2004 e brindo aos deuses, com os amigos, por terem protegido séculos de história, que é a história da humanidade. Sinto uma sensação de frustação de não ter o tempo disponível para efectuar esta viagem, de Alexandria a Assuão, num dahabiyya, o velho barco à vela que fazia esta estimulante viagem no século XIX. Mesmo assim espero e peço a Hórus, Isis e Hátor que me testemunhem a grandeza dos seus feitos.
Hátor era a deusa do amor e do prazer e a ama de leite e amante de Hórus. Todos os anos era levada numa barca para Edfú para se unir ao seu amor Hórus. Seguia-se o Festival da Embriaguez para celebrar a união. Mais tarde Hátor deu à luz o filho Ihy, filho do amor com Hórus, em Dendara. Ao amor de Hátor sorvo mais um trago do tinto egípcio que ainda enche o meu copo. E brindo, outra vez, com os amigos.
Esta história é-me contada ao pôr de um sol fantástico, no Nilo, olhando as areias do deserto onde se vislumbram as silhuetas dos barcos do deserto, os camelus dromedarius, no seu caminhar ondulante, outra peça fundamental da vida árabe. Shoran pela dádiva dos deuses.