Al-Kahira
SabaaH al-khayr, Cairo. Bom dia, Cairo. Abre-se a porta do avião, o calor não é muito mas a humidade refresca-me a pele e a memória. Tenho um novo encontro com as cores, os cheiros, a luz, as gentes do meu Continente. O Cairo está aqui tão perto e eu quero-o abraçar. Considerada a cidade africana mais populosa, com cerca de 16 milhões de almas, o Cairo é um labirinto de ruas movimentadas, cheias de vida, com uma mistura única de cenários, sons e aromas, e sinais vivos do passado. O seu trânsito é caótico. Não existem regras fixas, reina a anarquia. Estou em casa e pressinto o meu primeiro aplauso.
Percorro o centro da cidade, moderno e com belos exemplares da arquitectura do séculoXIX. Gezira e Rhoda, refrescadas pelo Nilo, não me seduzem tanto. Sinto que começo a ficar apaixonado pelo Cairo. Mais o Cairo Islâmico com os seus minaretes e cúpulas, bazares e vielas e que me evocam cenas das Mil e Uma Noites.
Midan Tahir é o cérebro do Cairo. Todas as ruas vão dar a este ponto da cidade, por mais que não seja para visitar o Museu Egípcio. Percorro Sharia Qasr el-Nil e Sharia Talaat Harb onde os visitantes procuram o seu mundo ocidental de comércio. Não gosto, apesar do colorido, das avenidas cheias de armazéns, lojas e cafés. Como em Paris ou Londres. Assim, devagarinho, abandono o local.
Vou à procura do meu primeiro abwa (café), espaço social onde se conversa com os egípcios. Quero descontrair do calor e da humidade. Lembrar-me dos amigos que ficaram. Não me apetece beber shai ou abwa, muito menos lamoon, karkade gelado, zabaady ou sahleb. Hoje também não me apetece a sheesha. Ainda não estou preparado. Sei que não posso pensar em álcool. Mas, apetece-me, recordar os meus ávilos. Peço uma Lqcal Beer, geladérrima. O trago amrgo do malte percorre-me a imaginação do passado glorioso deste país e prepara-me para me fascinar com a nova cidade que já se chamou Al-Kahira, a cidade africana que Gamal Abdel Nasser, em 1952, tornou na capital com uma verdadeira identidade moderna e fascinante.
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