Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2006-03-13

DESÂNIMO


Tenho medo. Dizes-me que não devo ter medo, que devo ser confiante. Talvez tenhas razão. Mas… Confesso, tenho medo. Estou entregue à noite e volto a ser aquilo que não queria. Há sombras no meu caminho que me assustam. Sinto uma dor no peito que me sufoca e fico intranquilo. Medo da morte? Não sei. Se ela quiser chegar estou tranquilo e espero por ela. De peito aberto. Nada temo. Mas é esta angústia resignada que me destrói. E tu continuas a dizer-me que não tenha medo e que devo continuar confiante. Então começo a chorar e tenho saudades de um tempo bom. E não sei se é a última vez que tenho forças para te escrever o que sinto. Detesto a hipocrisia que me rodeia. Juro por Deus que nunca amei tanto e que só queria ser feliz. E porque não posso ser feliz?
Como é bom acordar de manhã e ver-te sorrir. Um sorriso que é um oásis de esperança e que as tuas mãos desertas me trazem, numa ternura que me acorrenta à tua luz. À tua luz chamada amor. A nossa vida não deve ser uma vingança. A nossa vida deve ser o caminho que muitos não querem que nós o percorramos. Oiço todas as vozes que ainda condenam a nossa paixão. E o que nos resta? De mim a incerteza de não ter mais forças para lutar e de ti o drama de não saberes vencer.
Mas como é bom chamar por ti nas noites longas, acordar nos silêncios e sentir que o meu coração continua a bater pela esperança. Esperança de que és um sonho feito realidade. Com os meus medos ainda te posso dar poemas de amor e esperança. Com a morte só a escuridão. Ri, canta, sente, ama, encharca o meu corpo com o suor da tua ternura. Amarra-me a ti e deixa-me ficar a pintar o sol que irradia do teu sorriso com as tintas de sangue das minhas lágrimas. Perdoa-me se te faço mal, mas peço-te que não fiques para trás. Vamos. O mundo que nos leve para bem longe e seremos felizes. Seremos? Mas que ninguém nos negue a felicidade desesperada mas firme e cheia de esperança. Estende-me os teus braços. Vamos cantar à vida e deixa-me encher-te de beijos, porque é a ti que eu quero. Ofereço-me a ti e morro por ti, amor.

Lousã, 8 de Março de 2006 (Coincidências apaixonantes, hoje é Dia Internacional da Mulher)