Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2006-02-07

ILUSÕES

Todos temos as nossas ilusões. E gostamos das nossas ilusões como ninguém. É sempre um sonho bom dizer-te para me deixares ter como amigo. Talvez uma ilusão. Peço que me beijes. Que fantasia louca guardar nas minhas mãos os teus beijos. Os beijos que sempre sonhei. Os beijos da minha ilusão. Sabes amor, o mar azul ao fim do dia também chora de tristeza. E eu quero e amo este mar que prateia a minha vida sempre que o sol sobe no horizonte. Fico com medo que vejam brilhar os meus olhos de tanto te amar. O mesmo medo, ou será ilusão, que me invade de ser assim.
A estrada da minha vida é feita a rir e a cantar, mas também a chorar. A chorar noite e dia pela chuva e o luar que me convidam a navegar no mar azul. Esse mar com marés e ondas largas que me lembram as minhas tardes de Primavera. Há muitos anos, no meu quintal, debaixo da minha árvore, cercado e escondido pelas bungavílias, consegui dizer-te que te amava tanto. A minha árvore de ilusão era uma mangueira. E hoje, novamente escondido pelas flores do tempo, mais uma vez te beijo e é nos beijos escondidos que guardo as mais lindas recordações. Recordações das marés, das ondas, dos mergulhos, das alegrias, das tristezas e de um porto onde acostam, todos os dias, os meus barcos carregados de sonhos. Somos marinheiros cansados de tanto navegar no nosso mundo imenso. Tu fazes-me gostar da vida amada e do sol de um dia que nasce a seguir a outro dia e que aquece os caminhos por onde ando.
Gostava de te esquecer e já te esqueci sei lá quantas vezes. Pura ilusão! Esqueci-te para depois, loucamente, me lembrar de ti. Quem me dera que fosse sempre assim. Mas o mar alto é o teu desejo de tanto me querer. Ah! e como gosto de navegar no mar alto. As tuas ondas quebradas e vencidas percorrem o meu corpo em serenos murmúrios. Trago o teu coração no meu peito. Num beijo eterno, o meu mar invade as areias da praia do teu querer. Gosto de ti, apaixonadamente. Dos teus olhos que têm cores de pedras raras. As minhas mãos abraçam-te, num frémito de desejos, a procurar-te. Tenho sede dos teus beijos e sinto a tua pele que cheira a mel e a âmbar. O meu amor por ti navega, ao acaso, no mar de águas calmas. Chega a hora do silêncio e da ilusão.
Amor, por fim eu guardo, aqui sozinho, no mar das lágrimas choradas, o teu sorriso, a luz dos teus olhos, o calor dos teus lábios, o sol ardente do teu peito, as espirais de prazer das ondas saídas do teu corpo, a espuma dos afectos e do amor que soltamos no final da viagem. És o meu segredo e, meu amor, aprende, no barulho das ondas, a canção da vida e do mundo. Não sejas uma ilusão. Vem ter comigo.