GLAMOUR
Entro no Piano Bar e sou levado a ficar sentado na mesa do fundo. O Bar está repleto, mas gosto de ficar bem atrás porque assim vejo e reconheço a alma do local onde estou. Oiço o teclado do piano percorrer uma sonata de Schubert. No ar um cheiro a café de Angola. O pianista vestido de branco e que lhe faz sobressair a cor da sua pele, negro de ébano, usa uns óculos escuros. Será Ray Charles? Não creio. Percorro a sala com um único olhar e encontro os amigos satisfeitos com a presença de outros amigos. Ela num vestido vermelho distribui sorrisos. Provocante. O pianista tecla forte e passeia-se por Viena percorrendo os caminhos de Schubert. Peço uma vodka bem forte. Hoje é sem laranja. Só assim aguento o vermelho do vestido e o preto do piano. A bandeira da minha eterna namorada tem as cores do meu sonho. Oiço, de mansinho Winterreise, sonata para piano, tocada com amor. Com glamour diz-me a mulher do vestido vermelho mostrando umas pernas provocando calores tropicais, de coração aberto. Hoje estou feliz.
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