Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2005-07-26

ET PLURIBUS UNUM

Arre porra.
Quem disse isto? Deu-me a enxurrada cerebral e varreu-se-me (não me cheira bem esta palavra e já devo ter a minha amiga PWO à perna - isso querias tu ó Pífaro do catano! -, cheira-me a mijo) o nome do homo sapiens que disse tão brilhante frase.
Arre. Sempre tentei que mudassem as roupas dos médicos do bloco operatório, médicos e restante pessoal. Nunca consegui. E sabem porquê? Eu explico.
Porque o verde, o azul e agora o amarelo são cores anti estresse e cores quentes. Que dirão os meus amigos do Sporingué, daquela equipa de uma cidade do Norte e que veste de azul e branco (não vos disse que se me varreu as lembranças) e do Estoril. Se as cores dos seus equipamentos são anti estresse e quentes, porque será que quando se vai aos seus estádios aquilo parece sempre um hospital psiquiátrico. Tudo aos gritos e só pis nas legendas e nos diálogos, pois é só asneiredo. E no final dos jogos os homens da televisão sempre afirmam que os adversários gelaram o estádio? Será pela falta de vitórias?
Mas preto também não podia ser. Embora a Académica equipe com esta cor e seja tudo academista, quando um tipo entra na Sala ou BO (não é o Bairro Operário - esse era para outras operações, mais para as fimoses e iniciação ao bisturi - é mesmo Bloco Operatório) e vê um tipo vestido de negro, ou lhe parece o árbitro do jogo e começa a chamar-lhe palhaço, filho da puta, ou então não gosta de pretos e grita-lhe, vai pra tua terra ó negrume. Grande bararca.
Todo azul, bem do Belenenses, vá que não vá, mas velhos do Restelo, diabo que os levem. E tanto azul parece o mar e quem não sabe nadar pode-se afogar, e não é grande coisa. Mesmo que se saiba nadar um tipo pode enjoar e depois vomita. Não, azul não, entre o mar e o céu só mesmo a terra e é onde queremos ficar e essa não é azul.
Rosa e laranja, também não. Política metida com a saúde nunca deu bom resultado. E sempre pode aparecer um deitado a fazer maca e a maca é precisa para levar o tipo a bom porto. Já viram o que era um tipo aos gritos, a Beleza quere-me matar ou o Correia de Campos que vá capar os da laia dele. Dava mau resultado!
Às bolinhas, às riscas, com bordados, folhinhos e outros adornos, virava mesmo maca, pela certa. Ó médico, seu corrupto do catano, julgas que eu sou maricas ou quê? Só me mete o dedo no cu quem eu quero! Tás a ver seu mariconço. Gosto muito de gajas, ouviste? Teria que estar sempre uma companhia de seguranças a vigiar estes moços do wrestling.
Bem não restam dúvidas. Os fatos têm que ser vermelhos. Um tipo enquanto está a ser devorado pelo médico cirurgião pode voar com a águia, dar uma volta e depois entregar aquilo que lhe é retirado à águia que é uma ave de rapina e gosta de comer caranguejos (símbolo do Cancro - agora fui pedagógico como o Barão da Lajeosa). Depois antes de adormecer, anestesiado, a malta só vê a Luz. Quando se volta à enfermaria e aparece um médico vestido de vermelho um tipo grita a plenos pulmões Sai Satanás, vai pró diabo. E o animal foge. Nós ficamos mais aliviados porque é uma forma de vingança.
E, gloriosa virtude, no final, médicos, enfermeiros, assistentes, auxiliares, restante pessoal, doentes poderão gritar Et Pluribus Unum. Todos por um. Pelo doente. É isto que nos faz grandes e solidários.