Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2005-01-11

CHÁ NA ESPLANADA

Aceito o convite. Do deserto. Estou ali sentado na duna. Bem alta, por sinal. A noite varre-me suavemente e um frio, fresco, penetra-me no corpo, com doçura. Aguardo a chegada do sol. Para trás, uma paixão louca, Marrakech. Como as serpentes, Marrakech enfeitiçou-me. Nour, um irmão das viagens, marroquino, fala-me da frescura da manhã e da vida que há no deserto. Pela frente o Sol levanta-se, majestoso. Enorme. Anuncia os dias da vida. Silêncio. Só se houve a canção da areia, da raposa do deserto, dos cânticos a Alá. E como a vida é tristeza. Do rádio do jeep, a notícia, triste. Mais um navegador do mar salgado do Sahara morre. Meoni. A fazer aquilo que gosta. Navegar com a sua mota, nas dunas onde me sento.
Caminho devagar. Duna abaixo. Ao meu lado, Nour estende-me a mão. Shukran , agradece. Hoje entendi a mensagem do deserto. Somos todos iguais.Entramos para o jeep, aceleramos deserto fora. Era lindo ver o ouro da areia misturado com a côr de fogo de um sol que nos aquece. De repente vindo do nada, no meio daquele deserto, uma tenda, uma rapariga, berbere, linda como o nascer daquele sol, uma mesa e um chá para os amigos do deserto.
Shukran, disse eu. E os navegadores do deserto já vão a caminho de Dakar. Tombuctu fica a 60 dias deste local. Em caravana. De camelo.