Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2008-02-03

A MINHA DESCOBERTA DA ÍNDIA - X

4/12

Margão, Praia de Colva e Chandor. Estas as minhas novas descobertas e vejo-te correr na praia com um vestido claro, colorido com flores, e atrás de ti estou eu arfando de esforço por causa do lume revolto dos teus cabelos. Encolho os ombros e olho para as grinaldas de flores espalhadas pelo caminho que te imagino percorrer. Não sei o que fazer com tantas flores que me oferecem às portas das igrejas católicas (S. Sebastião e Espírito Santo) e dos teus templos hindus.
Hoje resolvi entrar numa casa do passado e plena de história. Subo umas pequenas escadas e entro na casa Menezes de Bragança onde sou recebido e conduzido por uma mulher encantadora, a D. Ilda, de uns olhos azuis esmeralda que lhe escondem a idade mas não a beleza. Esta mulher está repleta de vida e de história e conduz-me pelos corredores e salas de uma casa do século XVI e que foi perdurando ao longo dos tempos e das convulsões sociais e de identidade. Retenho-me nos olhos da D. Ilda, lindos como o céu azul deste sul que amo, e que brilham cada vez mais ao descrever cada peça de loiça, cada mobília, cada canto, cada sala. Diz ela que aqui era a única casa onde se faziam bailes. E eu, num sonho de príncipe encantado, pergunto-te: "Danças comigo amor?".
Sigo para a Casa Fernandes, mais modesta mas também com muitas coisas para contar.
Avanço para Margão, entro no mercado e perco-me, com tanto amor, nos corredores cheios de sons, de cheiros, de cores, de gente. Acabo a almoçar no Longuinho com as pessoas de Margão e a pensar que afinal, penso eu, Portugal nunca foi da Europa, não o foi antes e não o é hoje.
À noite janto no Brittos, na praia da Baga, onde faço o manjar dos privilegiados comendo um king fish grelhado, divino. Está a terminar a minha aventura em Goa e devo agradecer ter encontrado um marinheiro que soube navegar comigo nesta descoberta. Gerson Meneses que, também ele, faz da buzina do seu "amarelo" um instrumento de navegação e vai buzinando, por favor - Horn, Please, Ok -, fazendo das estradas uma permanente festa ou , quem sabe, o início de uma guerra que não é santa. É uma vertigem que vai aumentando à medida que serpenteamos entre o abismo, o tempo e o espaço.

Repouso e já penso em Bombaim