Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2005-12-23

TAMARA NO JUVENTIN'S

Tamara tinha posto meias pretas, de renda. As pernas ficaram, todas, mais bonitas. Advinhavam-se umas coxas a pedir amor. Toda ela estava especialmente bonita. O vestido vermelho, apertado, torneava-lhe as curvas de um corpo estilhaçado pelas paixões de noites que pareciam não ter fim. Sapatos altos, baton vermelho nos lábios, cabelo desfrizado e os olhos retocados para que o olhar não morresse na sombra.
Tamara entou no Juventin's e foi-se sentar na mesa da amiga que já foi namorada do seu ex-namorado. Das noites do Kussunguila. Rosita tinha uns cabelos negros, pele mais clara que Tamara, na rua nunca passava despercebida e todos olhavam. Os seus olhos eram verdes como a água do mar. Rosita era bonita, talvez mais bonita que Tamara. Sentadas pediram vinho. Corvo, nome que assenta bem às duas amigas e que lhes há-de assentar melhor quando a garrafa estiver a mais de meio. Começam a recordar os amores e desamores das noites vividas em Luanda.
Tamara começa a chorar e Rosita sente-se corada. O Corvo já passou por elas e parece querer abandoná-las. A meio da noite levantam-se e saem sem magoar ninguém. A dor de uma parece ter aliviado a dor da outra. As lágrimas de Tamara continuam a cair nas covinhas da face. Rosita não desfaz o seu sorriso. E o Corvo leva-as para mais uma noite de amores.
- Vem dormir comigo, implorou-lhe Tamara.
Na mesa do fundo, do Juventin's, Gito afaga a sua cerveja estupidamente gelada esquecendo as noites em que Tamara lhe implorava para ficar com ele e Rosita chorava porque ele tinha assuntos para tratar até tarde.
D. Juventina me desculpe mas os amores, os verdadeiros, não têm hora de chegar! Nem sexo!Havemos de nos encontrar. Talvez amanhã.