Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2007-04-27

25 DE ABRIL


“Grândola vila morena, terra da fraternidade” foi o grito de liberdade de um povo que, há 33 anos numa manhã gloriosa de Abril, quebrou as algemas e iniciou uma longa marcha para a construção de um País de justiça social, progresso e desenvolvimento onde a paz e a solidariedade constituíssem a base de um Portugal novo.
Esse glorioso 25 de Abril de 1974 foi o primeiro dia da libertação do povo português que sofreu um longo período de obscurantismo, de opressão, de atraso, de medo e de ausência de liberdades.

2007-04-02

NOS MERCADOS


Sente-se a vida das cidades na forma de sentir as pessoas. E não há melhor lugar do que andar no mercado da cidade. Caminhar nos corredores do Mercado Municipal do Maputo é viver a cidade por dentro. Sabe-se o pensar das pessoas , sente-se o bater do coração da cidade. Há de tudo no mercado, de forma a poderes fazer negócio e nada melhor que regateares o preço para fazeres bons amigos. Mas o melhor será irmos até ao Xipamanine e deixarmos a vista e os sentimentos percorrer o caminho de quem tenta vender de tudo para sobreviver. Uma experiência que se vive uma vez. Talvez haja quem não aprecie muito uma visita ao Xipamanine mas é neste mercado que se sente o viver reivindicativo dos moçambicanos. Claro que a visita não ficaria completa sem dar um salto a Mafalala onde está um pouco da história de alguns dos heróis da minha infância. Que bom sentar no Contentor Amarelo e beber uma Laurentina e a seguir uma 2M, preta, geladérrima. Assim vou vivendo o regresso à minha meninice. Beber uma 2M ou uma Laurentina, comer uns tremoços e saber, pelos mais velhos, o que fez Eusébio, Lurdes Mutola ou Paíto pelo nome desta África e deste País, é sentirmos Moçambique como ele é!

2007-04-01

À DISTÂNCIA DE UM OLHAR

Acordo e Maputo está à distancia de um olhar, de um clique das minhas recordações. Sei que a chuva que caiu ontem à noite foi uma chuva de saudação. Uma chuva que eu já não lembrava. Caiu forte e sem parar toda a noite. Mas essa chuva não molhou o meu corpo cansado de lembranças. Só deixou as marcas de um tempo já vivido. Como te gosto Maputo! Mesmo em frente do hotel está a Catedral que ainda mostra os efeitos do rebentamento do paiol. O vitral reconstruido e que custou 15 mil dólares já está outra vez com tábuas a protegê-lo. Sei como é difícil misturar a fé com a realidade dos homens. Mas foi com uma fé inabalável de recordar que soube que uma amiga do grupo lhe ansiava muito por visitar a Igreja. Há muito tempo, lá nos anos de 1936 o avô tinha construido o cadeiral onde se senta o bispo e se sentou João Paulo II. E ainda é o original! Foi bom recordar um pouco da história da Igreja que também é a história de quem nela trabalhou.
Hoje consegui falar com os amigos que se encontravam para conversar na Colina que tem um Sol magnífico. Mas também sei que estava numa Costa que, te conto com verdade, tem muitas coisas boas. Um pôr de Sol cheio de beleza de uma África que está a tentar caminhar. Hoje não chove mas continuo a sentir a pele cheia de uma água que não é de chuva.