Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2006-02-27

CARNAVAL 2006

Esta a minha homenagem ao Carnaval. Aqui coloco um poema canção de Martinho da Vila com a participação especial de Kátia Guerreiro. À minha eterna namorada, Angola.

DAR E RECEBER

Com o meu canto

Eu quero lhe encantar

Lhe embalar com o meu som

Embriagar

Fazer você ficar feliz, cantarolar

Lá, lá, lá...

Captando a energia

Desse seu lálálá

Sigo a filosofia

Que é do receber e dar

Eu quero dar

Eu quero dar

Eu quero dar

E receber

E receber

E receber

Fazer, fazer

Me refazer fazendo amor

Sem machucar seu coração

Sem me envolver

Mas se você se apaixonar

Me quiser numa total

Vai ter que ficar comigo

Coladinho ao meu umbigo

De maneira visceral

Vou expor minhas entranhas

Lhe darei muito prazer

E bem prazerosamente

Vou abrir dos meus sonhos pra viver só por você

2006-02-22

ESTA NOITE


Na noite escura fico sem saber se este caminho me leva a algum sítio. Tenho dúvidas. E tenho medo. Mas apesar deste medo, que me invade o pensamento, sinto que ainda tenho forças para ser feliz no final da jornada. Às vezes penso que o meu Criador me sussurra, através do vento, dizendo-me que a vida e o amor nunca devem ir para longe. Então páro e espero.
A saudade desce de mansinho pela estrada da minha vida e o teu olhar, numa alegria selvagem, transforma os meus sentidos num arco íris de cores quentes. Tenho saudades das nossas primaveras de amor, das minhas mãos a procurarem os teus beijos que nos enchem de felicidade. E espero-te toda a noite. Toda esta noite escura. Lá fora está um frio de vidas fugidas, desencontradas, não há luar, e eu, aqui sozinho, continuo à tua espera. Sim, esperei que viesses como tinhas prometido e afinal não chegaste. Chorei. E senti como esta noite fugia e nesta noite, em que te esperei, também senti nascer, e crescer, uma saudade infinita do teu corpo, da luz do teu olhar, da tua boca matando a sede dos meus lábios, do teu amor sensual, ardente e terno. Sinto saudades desse teu corpo que se mexe mais que o vento desta noite e que me prende a ti. Gosto de te sentir e deixar-me arrastar num turbilhão de prazeres gritados, por vezes chorados. Quando me possuis não me magoas, não me matas, mas dás-me vida e prazer.
Nesta noite fria, onde não há luar, enquanto te espero peço-te para continuarmos, assim, o nosso tempo. Como eu gostava que me colocasses uma flor nos meu cabelos. Lá fora, na noite da saudade, a chuva começa a cair devagarinho amaciando o pó da estrada. Como sou feliz contigo. Só a tua ausência me magoa porque fico longe do futuro. E o futuro do meu mundo é todo um mar onde sinto as canções da vida navegarem dentro de mim. Agora sinto que o caminho me leva a algum sítio. E tu vais chegando abrindo, ainda mais, a porta da minha felicidade.
Parece que a vida és tu!

2006-02-14

OS GRITOS DO TEMPO


Encosto-me às paredes da esperança ouvindo os gritos do tempo. Abro as minhas mãos desertas e deixo passar as sombras da minha vontade. Junto a este muro não me apetece clamar pelas forças de todas as forças. Não me apetece escrever. Não me apetece pensar. Não quero ficar amarrado às vozes dos que ainda condenam o meu amor por ti. Às vezes sofro como os homens que não têm terra, nem caminho, nem destino. Homens que não têm noites de fantasia. Mas sofro, porque quero e sinto que estou longe, muito longe. Mas eu, hoje, não quero mais que uma noite de futuro. E, é por isso que, nos meus sonhos contidos, subo novamente para a minha bicicleta, a ginga, e fujo, percorrendo os caminhos da minha infância. Vou pela estrada de pó, rejeito o alcatrão, corro até ao mercado do Canha, compro a minha ginguba com açucar, e pedalo, vigorosamente, até chegar ao Ferrovia. Kurikutelas, meu amor. Hoje gazetei na escola para jogar à bola, mergulhar na água azul da tua piscina e vou a correr pelo tempo sem tempo. Lembras-te, era o tempo em que os siripipis nos cantavam canções de aventura. No final da tarde, debaixo da mandioqueira, fazíamos os relatos do nosso Benfica, discutíamos as tácticas do Carlos Pinhão escritas n'A Bola, fazíamos planos para as 6 Horas Internacionais do Huambo, e nunca percebemos porque tínhamos de ser mandados pelos de longe, os de Lisboa.
O nosso Huambo tinha mais encanto quando, todos juntos, comíamos o pó do caminho que nos levava para os amores não correspondidos. O nosso Huambo tinha os bairros, o Académico, Benfica, Cacilhas, S. Pedro, Comércio, Fátima, S. João, Caminho de Ferro, que nós aprendemos a compreender e a amar. No meu bairo, o bairo do CFB, todos queríamos ser o Eusébio dos nossos sonhos. Grandes partidas de futebol ali fizemos no campo de terra batida onde as balizas eram as enormes árvores que também aprendemos a subir. Como era lindo, no final de muitas tardes, com companheiros de escola, partirmos à procura dos desejos. Os jogos de bilhar e depois corríamos, como doidos, para a Kambo, o nosso café e do Ernesto Lara Filho, e aí ficávamos, com o coração a bater mais depressa, para vermos passar as miúdas do Liceu, gingando como as estrelas de cinema das nossas matinés no Ruacaná.
Um dia, meu Huambo, meu amor, hei-de voltar a sentar-me contigo à mesa para falarmos das coisas boas com os teus filhos de ontem e de hoje. Vamos esquecer as coisas más. Sei que me vais beijar, perdidamente, com aquele beijo quente e frio das tuas noites de Inverno, como me fazias na minha infância. Vais-me aquecer o corpo com as saudades da tua sagrada esperança. Vais-me desculpar, mas no final do dia, quando o sol se estiver para se deitar, vou sair devagarinho, apanhar o comboio mala e partir sem destino. Quero percorrer o verde ondulado dos capinzais selvagens e ouvir os batuques do meu povo que me enchem o coração de lendas do passado. E o maquinista és tu, meu querido pai.
Encosto-me, ainda mais, às paredes de esperança ouvindo os gritos do tempo.

2006-02-10

LÁBIOS


Os teus lábios, carregados de um encanto vermelho, longe de mim, distantes, são como estátuas de ébano evocando o amor. Dão-te um aspecto de deusa que me enfeitiçam a alma, me dizem que és uma sedutora e que me encantam as noites do nosso caminho. Esses lábios que rasgam as carnes do meu corpo com beijos sedentos de tanto me quererem. O teu encanto, a que ninguém resiste, é o vulto gracioso e lindo que passa por mim nas noites negras de esperanças, como uma estátua esculpida por mãos graciosas e lindas e que me envolvem num perfume de segredos. São traços escondidos na noite, fugas de luz que crescem no meu peito, procurando as minhas mãos para sairmos à procura da paz e do amor. Só quero ficar deitado junto a ti nesta noite de fantasia, nesta noite de futuro, sentir o calor e a humidade dos teus lábios como se fosse a terra fecunda da minha África. Beijos calados, eternos, sublimes, com aromas das pétalas vermelhas de uma linda rosa que te deixo na cama depois do amor. Os teus lábios queimam o meu sossego como as chamas do teu sorriso. No final da noite, peço-te um beijo e saio porque vai rompendo a madrugada.

2006-02-07

ILUSÕES

Todos temos as nossas ilusões. E gostamos das nossas ilusões como ninguém. É sempre um sonho bom dizer-te para me deixares ter como amigo. Talvez uma ilusão. Peço que me beijes. Que fantasia louca guardar nas minhas mãos os teus beijos. Os beijos que sempre sonhei. Os beijos da minha ilusão. Sabes amor, o mar azul ao fim do dia também chora de tristeza. E eu quero e amo este mar que prateia a minha vida sempre que o sol sobe no horizonte. Fico com medo que vejam brilhar os meus olhos de tanto te amar. O mesmo medo, ou será ilusão, que me invade de ser assim.
A estrada da minha vida é feita a rir e a cantar, mas também a chorar. A chorar noite e dia pela chuva e o luar que me convidam a navegar no mar azul. Esse mar com marés e ondas largas que me lembram as minhas tardes de Primavera. Há muitos anos, no meu quintal, debaixo da minha árvore, cercado e escondido pelas bungavílias, consegui dizer-te que te amava tanto. A minha árvore de ilusão era uma mangueira. E hoje, novamente escondido pelas flores do tempo, mais uma vez te beijo e é nos beijos escondidos que guardo as mais lindas recordações. Recordações das marés, das ondas, dos mergulhos, das alegrias, das tristezas e de um porto onde acostam, todos os dias, os meus barcos carregados de sonhos. Somos marinheiros cansados de tanto navegar no nosso mundo imenso. Tu fazes-me gostar da vida amada e do sol de um dia que nasce a seguir a outro dia e que aquece os caminhos por onde ando.
Gostava de te esquecer e já te esqueci sei lá quantas vezes. Pura ilusão! Esqueci-te para depois, loucamente, me lembrar de ti. Quem me dera que fosse sempre assim. Mas o mar alto é o teu desejo de tanto me querer. Ah! e como gosto de navegar no mar alto. As tuas ondas quebradas e vencidas percorrem o meu corpo em serenos murmúrios. Trago o teu coração no meu peito. Num beijo eterno, o meu mar invade as areias da praia do teu querer. Gosto de ti, apaixonadamente. Dos teus olhos que têm cores de pedras raras. As minhas mãos abraçam-te, num frémito de desejos, a procurar-te. Tenho sede dos teus beijos e sinto a tua pele que cheira a mel e a âmbar. O meu amor por ti navega, ao acaso, no mar de águas calmas. Chega a hora do silêncio e da ilusão.
Amor, por fim eu guardo, aqui sozinho, no mar das lágrimas choradas, o teu sorriso, a luz dos teus olhos, o calor dos teus lábios, o sol ardente do teu peito, as espirais de prazer das ondas saídas do teu corpo, a espuma dos afectos e do amor que soltamos no final da viagem. És o meu segredo e, meu amor, aprende, no barulho das ondas, a canção da vida e do mundo. Não sejas uma ilusão. Vem ter comigo.

2006-02-05

O TEU OLHAR

A cor dos teus olhos são lembranças dos meus sonhos, sonhos que a madrugada levou e que eram meus. Revelam o rubro sol dos teus beijos ardentes que me desfolham o palpitar do meu coração. Esses teus olhos que me levam ao céu na barca da poesia dos vagabundos. É esse azul que ao fitar o meu olhar suave e cansado de tanto esperar, arde de felicidade e brilha como as vagas do mar da saudade. Não sentes meu amor?

2006-02-04

OS TEUS OLHOS



São azuis as imagens do teu corpo que bailam nas águas salgadas dos meus olhos. As minhas lágrimas alagam de versos os teus desejos de amor. Quando me olhas, esse azul marinho do teu poema enche-me de ternura e fico louco de tanto te querer. Saímos de mãos dadas pela noite e queremos acabar na praia ouvindo as histórias murmuradas, ternamente, enquanto trocamos beijos com sabor a sal. Até o teu sorriso é azul como o mar que nos inunda de ternura nesta noite fria de Janeiro. Dou-te um longo beijo e adormeço deitado no mar das tuas mãos que me acariciam os meus cabelos negros. E sei que guardas, no teu coração, uma lágrima azul do meu mar de felicidade. Este é o nosso segredo. Eterno segredo.

2006-02-02

AZUL DO MAR

Estou na Tabanka e vejo, e oiço, o mar do meu desejo a cantar canções de amor. Esse mar que é azul. Azul da cor das esmeraldas, essas pedras preciosas que são os teus olhos. Ou será verde turquesa, da cor dos meus. Só sei que eu queria ir ao fundo do mar no corpo de uma mulher bonita, como diz o poeta. Como não sei nadar, continuo a olhar o infinito e a inventar poemas cantados debaixo da mangueira da minha infância.