Tabanka do Huambo

Saber compartilhar cumplicidades, na vida, como forma de cultura e de ciência. Cumplicidades de vivências com os amigos numa abordagem vital para a sobrevivência do Planeta Terra.

Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

Nascido no Huambo, em Angola. Médico de Medicina Geral e Familiar pela Faculdade de Medicina em Coimbra. Médico na Lousã.

2005-11-24

CAMINHOS DA VIDA

A vida não basta. É preciso inventar a vida

Mário Reis, cantor carioca

2005-11-11

DIA DE SORRISOS MIL

Hoje é dia. De saber amar, de perfumar os sonhos com o aroma das minhas bungavílias, de saborear a fruta da minha infância, de sentir as águas quentes da minha baía, de ver o céu pertinho de mim no meu planalto, ouvir as batucadas da minha gente, caminhar pelas picadas do meu destino e chegar para conversar com os mais velhos. Mais velhos que me ensinaram que a nossa amada se deve perpetuar nos tempos. Os mais difícieis e os mais festivos. Que devemos sensaborear o sal do seu corpo, meigamente afagar os seus cabelos, entrelaçarmos as nossas mãos, apaixonadamente sentirmos o calor dos seus beijos, tactearmos a sua pele cor do ébano, amá-la como ninguém a amou, fecharmos os olhos e sonharmos com os dias felizes, esquecermos as amarguras e seguirmos em frente. Um amor vivido com paixão como se fosse a viagem da nossa vida. E como é bom saber que há amores que nos fazem sentir saudades de um tempo próximo. Sinto que estou ébrio de sentimentos como se hoje fosse o dia do meu primeiro beijo, da minha carícia no teu rosto que te deixam sorrisos mil. Serás a minha eterna namorada que amarei sempre como se fosse a última vez. Perdidamente.

2005-11-06

LUTA CONTRA A POBREZA



Está a decorrer na Argentina, Mar del Plata, a Cimeira das Américas. Nela, o Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, propôs a criação da ALCHA, a Aliança Contra a Fome, para que em dez anos se acabe com a fome na América Latina. Esta medida visa relançar a proposta do antigo Presidente americano, John Kennedy (1961-1963), que previa a criação de um fundo de combate à pobreza. Hoje serão necessários mais de cem milhões de dólares para prestar assistência aos 262 milhões de pobres do Continente, 222 milhões da América Latina e 40 milhões nos EUA. Kennedy foi assassinado em 1963. Tinha proposto uma aliança pelo progresso que previa 20 mil milhões de dólares em 20 anos para lutar contra a pobreza e para a reforma agrária.

2005-11-02

PASSES MÁGICOS

Hoje caminho lentamente pelo bairro de La Boca olhando uma cenografia magnífica. As paisagens que se abrem sobre as costas do Riachuelo e se perdem na amplitude do Rio da Prata não me fazem esquecer as cores garridas das pitorescas casas locais. Não consegui ouvir gritar no estádio do Boca Juniors, La Bambonera, o nome do menino que correu pelo Caminito à procura da fama e da glória. Sento-me numa cantina olhando o rio e as embarcações que chegam e partem sem saberem da minha tristeza de não encontrar Diego Armando. Desperto do momento ouvindo uma canção que foi transgressora e proibida e que durante muitos anos só aqui se dançava e escutava. Ela de vermelho vestida, ele todo de negro desenham arabescos no ar, num jogo de sedução em que homem e mulher se enlaçam num apertado abraço dançando um tango nostálgico e ritmado. Lembro-me do que Armando Discépolo, poeta popular, disse a respeito do tango e que o definiu como um pensamento triste que se dança. Tango, essa diabrura como escreveu Jorge Luis Borges, de origem incerta mas cujas raízes são imputadas aos imigrantes, seduz-me num ritmo único. Peço mais um copo de um tinto, com história, e que me leva a sonhar com vidas bailadas por gerações de gente fantástica. Este TrumpeTer de 2003, cabernet sauvignon, é um vinho produto da Argentina. Fico a saber que no século XIX, Dom Felipe Rutini foi um dos primeiros italianos que chegaram à região de Mendonza e aí se dedicou a viticultura. Por várias gerações, a família Rutini mantém a excelência na qualidade dos vinhos produzidos pelas uvas dos vinhedos plantados em altitude nas encostas dos Andes projectando a qualidade dos vinhos da região de Mendonza. Quem me diz é o bailarino de tango vestido de negro e que se diz porteño de alma e coração. À noite, ainda tenho tempo para ver e ouvir contar estórias nostálgicas, tristes, diabólicas, poéticas, musicadas, ao menino que jogava à bola no bairro La Boca. Diego Armando Maradona fala consigo próprio, com uma honestidade impressionante e um realismo que faz pensar, no seu programa de televisão, La Noche del 10. Adormeço e sonho com passes mágicos. Da bola e do tango.